Você já ouviu falar do método baby-led weaning ou método BLW? Saiba, agora, tudo sobre ele com a especialista em nutrição materno-infantil, Tamyres Ribeiro.
O método baby-led weaning ou BLW, traduzindo para o português, significa desmame guiado pelo bebê. Essa é uma técnica de introdução alimentar e consiste no ato de o bebê conduzir sua própria alimentação com as próprias mãos. O termo BLW foi proposto pela inglesa Gill Rapley em 2008, no livro “Baby Led Weaning: helping your baby to love good food” (traduzindo: ajudando seu bebê a amar boa comida) e, desde então, essa forma de introdução alimentar vem conquistando pais por todo o mundo.
Mesmo sendo algo natural que já é praticado há anos por muitos pais, este assunto gera dúvidas sobre sua funcionalidade. Para falar melhor sobre esse método, conversamos com a nutricionista da Medicina Preventiva da Unimed Fortaleza, Tamyres Ribeiro, especialista em nutrição materno-infantil.
A introdução alimentar é um período de construção do vínculo do bebê com o alimento e, segundo a nutricionista Tamyres Ribeiro, quando o bebê tem a liberdade de tocar, sentir as diferentes texturas, cheiros e sabores, ele se sente bem e se desenvolve para além da nutrição. Porém, são necessários alguns cuidados no momento de adaptação do bebê com o método. Entenda e compare abaixo as vantagens e desvantagens do baby-led weaning:
Esse processo envolve a capacidade física, intelectual e social do bebê, que influenciará diretamente nas experiências que ele poderá ter em seu crescimento. E, no contexto da introdução alimentar, com o método BLW, serão desenvolvidas as habilidades motoras sobre os movimentos adequados na hora de comer.
Os estímulos sensoriais são tudo aquilo que nos chega aos 5 sentidos. Nesse caso, tudo em volta do bebê pode se tornar uma experiência sensorial. Com o alimento, não é diferente. Afinal, ele pode ver, pegar, cheirar, mastigar, ouvir o barulho da mastigação ou da queda no chão, caso ele tenha o estímulo de jogar o alimento.
Ao tocar no alimento e fazer o movimento de levá-lo até a boca e mastigá-lo, a autorregulação está sendo desenvolvida. Porque o bebê percebe que, quando abocanha um alimento maior, ele tem alguma dificuldade de mastigar e de engolir, então no próximo alimento ele morde um pedaço menor e, aos poucos, vai regulando como comer.
Para o bebê se manter sentado e equilibrado, é necessário que a musculatura abdominal e a musculatura das costas estejam bem trabalhadas. Se o bebê nunca fica no tapetinho e não é estimulado a manter essa postura, ele não terá a musculatura bem trabalhada e ficará se desequilibrando na hora da refeição. E, nesse desequilíbrio, ele pode aspirar o alimento que está dentro de sua boca, que pode pegar a via respiratória, o que chamamos de broncoaspiração. Então, o bebê pode engasgar ou broncoaspirar.
O método BLW se torna desvantajoso quando o bebê é superestimado pelos pais, que acreditam que ele tem as habilidades necessárias para iniciar o método. Ou seja, se o bebê ainda não aponta ter os sinais de prontidão, que são os de se sentar equilibrado e guiar suas mãos ao alimento para levar à boca de forma espontânea, o método não se torna o mais apropriado, pois o bebê não corresponderá à prática.
O ser humano é um ser associativo. Então, se o bebê percebe que existe uma tensão ou aflição na hora de se alimentar, ele entenderá que aquele momento é ruim e sempre o recusará. Por isso, se existe algum receio em aplicar o método BLW com o bebê, é importante utilizar outro método, como o participativo, por exemplo, em que a introdução é feita com auxílio dos pais
A introdução alimentar deve acontecer a partir dos 6 meses de idade do bebê, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, a nutricionista materno-infantil alerta para o fato de que “se o método de introdução será o BLW e, dessa forma, é preciso que o bebê sente e permaneça bem equilibrado na cadeirinha para guiar os alimentos da forma adequada, o indicado é iniciá-lo somente após perceber essas capacidades“.
Para oferecer os alimentos ao bebê, é interessante cortá-los em pedaços largos, para que ele possa pegar com as duas mãos, já que ele ainda não tem o movimento de pinça, que é juntando o dedo indicador com o polegar. A nutricionista Tamyres Ribeiro também reforça que “a introdução alimentar com o método BLW é complementar à amamentação e não uma alimentação completa que irá nutrir por completo o bebê”.
Quanto à quantidade, não existe a ideal; varia de acordo com a vontade e estímulos do bebê no momento em que os alimentos forem oferecidos. Pode acontecer de o bebê comer duas bananas pratas em um dia e no outro ele comer apenas meia laranja, porque ele está aprendendo e se adaptando.
“A introdução alimentar depende muito do histórico familiar. Por exemplo: não é interessante dar melancia para o bebê que é de uma família que tem o histórico de ficar horas eructanto (arrotando) com odor de melancia sempre que a comem, porque isso é uma característica de intolerância à citrolina – um aminoácido especificamente encontrado na melancia. Então, já se sabe que provavelmente o bebê não irá metabolizar bem e poderá ficar chateado ou com dor de cabeça.”, afirma a nutricionista.
Nesse caso, é importante ver sempre o contexto alimentar da família. Se existe um histórico de alergia alimentar, a primeira quinzena da introdução pode ser feita com hortaliças, tubérculos e legumes, porque são alimentos sem potencial alergênico.
Tudo que mais estimula uma criança sempre vai envolver sujeira. Então, se uma criança está em um ambiente que tem mais liberdade e está muito feliz, ela está brincando, sujando algo e se sujando. Porque isso envolve a autodescoberta e a descoberta do espaço; é desbravar o mundo. E, nesse caso, o método BLW permite essa liberdade ao bebê, que pode muito bem querer jogar o alimento, também.
Uma boa dica é a de colocar um plástico embaixo da cadeirinha do bebê, para que a comida não grude no chão e fique mais fácil fazer a limpeza com um pano úmido.
Tirou todas as suas dúvidas sobre o método BLW? Essa prática, conforme apresentamos nesse conteúdo, tem suas vantagens e desvantagens. Por isso, procure sempre o acompanhamento de um nutricionista para saber qual método adotar no seu caso. Continue tirando dúvidas sobre a alimentação do seu bebê e descubra a forma correta de congelar alimentos para facilitar o seu dia a dia:
Conteúdo desenvolvido em parceria com a nutricionista Tamyres Ribeiro
Bacharel em Ciências da Nutrição pela Universidade de Fortaleza | Pós graduada em “Nutrição em Pediatria: da concepção à adolescência” pelo IPGS (Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde) | Pós Graduanda em Nutrição Clínica Funcional pela VP Centro de Nutrição Funcional | Nutricionista na Medicina Preventiva da Unimed Fortaleza
Seu download começará em instantes...